O voo da pequena formiga!

 

                                                                                   

       Autoria: Sandra Fontoura

      Todas as manhãs a visão do horizonte era mais bela, havia um grande pássaro de penas brancas que reproduzia o mais belo espetáculo no ar mobilizando todas as espécies de animais a olharem para o alto e apreciar o seu voo. Destacando-se entre os outros pássaros que encabulados mudavam a rota, por não suportar ver que o pássaro tinha técnicas que ainda não conseguiam operar.

     Já na parte baixa do morro, havia um formigueiro gigante que a muito tempo parava por alguns instantes todas as manhãs, simplesmente porque queriam ver o pássaro passar. Logo as formigas voltavam apressadas para o trabalho que não poderia parar, já que,  para elas o aprendizado era que o inverno não tardaria a chegar.

    Entre o grupo de formigas havia  uma jovem chamada Olívia  que se impressionava com a vida que o pássaro tinha e não se contentava em apenas apreciar e admirar o seu voo, considerando ser uma vida perfeita e de muita felicidade a do pássaro,  por poder voar tão livre e alto assim. Em seu pensamento alimentava a ideia de que ele possuía muitas facilidades e que só aproveitava o bom da vida, e para ela como formiguinha, somente sobrava trabalhar, trabalhar e trabalhar.

    Ressentida imaginava Olívia em como era sortudo aquele pássaro, despertando o interesse de todos pelos caminhos que atravessava e fazia suas acrobacias com tanta beleza que somente conhecia o bom da vida e assim pensava a formiga.   

    Ainda  perdida em seus pensamentos a pequena jovem formiga se deu conta de que havia se perdido do grupo que pertencia, e não estava mais na fila que a traria de volta ao formigueiro.  Ficou assustada, mas em alguns poucos minutos se encheu de coragem, e se inspirou na cigarra que cantara o verão todo e não lhe faltou ajuda quando o inverno chegou. 

     Sorriu a formiga Olivia!  Acreditava que este passo era o que lhe traria o que tanto almejava, também poderia ela aprender a voar como o pássaro.    Foi quando de repente Olivia avistou em sua frente o grande pássaro branco, estava tão próximo de si, que não poderia acreditar e somente havia lhe visto no ar a voar.

 Então Olivia ficou a observar por longo tempo  escondida, e surpreendeu-se não acreditando no que via!

      O lindo pássaro ao qual todos no formigueiro acreditavam ter as facilidades do mundo, surpreendentemente tinha uma dura rotina de muito empenho e  trabalho,  estudava e treinava as técnicas de voo com muita disciplina durante todo o restante do dia. E seus pés! Estes  possuíam muitos hematomas pelos tombos que levara, conquistando a perfeição de cada movimento pelo trabalho continuo e não desistência e também pela sua resiliência.  

     A formiga ficou simplesmente surpresa com a descoberta, pois nunca havia pensado a vida fora do formigueiro  e percebeu o grande equívoco em julgar sem realmente conhecer a real história do pássaro. Foi então que ainda abismada e inclinando a cabeça para o céu para acompanhar o seu treino,  percebeu que um gavião se aproximara e tentava de todas as formas derrubar o pássaro,  e claro impedi-lo de avançar nas acrobacias de seus novos voos.

    Olivia queria de todas formas ajudar o pássaro, mas pensou no que poderia fazer sendo tão pequena. Foi quando de repente  em sentimento e vibração começou a emanar um desejo diferente em relação ao pássaro, já não era mais o de possuir os  seus atributos,  e sim o de desejar que  o pássaro continuasse a  fazer as suas acrobacias e se comprometia que  dali para frente iria  somente se alegrar e admirar, reconhecendo as dificuldades que ele possuía para estar naquele lugar.

     Enquanto isso o pássaro  no céu sentiu o desejo emanado pela pequena formiga, se desvencilhando rapidamente do Gavião e desceu ao chão, seguindo em direção da pequenina formiga para agradecer pela ação de uma oração. Assim retribuiu  ajudando Olívia a encontrar o seu  formigueiro, o seu lugar.

      Olívia neste dia disse que teve uma grande lição, pois compreendia coisas que o formigueiro não conseguia alcançar, compreendendo a sua importância no seu próprio processo de vida e passou a ser admirada ao cultivar e cuidar do seu próprio jardim. Nele passou a crescer, cultivar e evoluir, entendendo a bravura do pássaro, e que não poderia ocupar o seu lugar. Tão pouco possuía o desejo de enfrentar o gavião!

    Estava agora empenhada na expansão do formigueiro e fez do sonho de voar uma metáfora, e nele se inspirou para conquistar para o grupo de formigas o descanso aos domingos. Sendo esse o grande voo da formiga Olívia!